13/12/2015

Eu ei de ficar

Eu despi minha alma
Eu calei minha boca
Eu virei a garrafa

Eu chorei no quarto
Eu troquei a roupa de cama
Eu chutei a quina da mesa

Eu velei a vida
Eu cansei da ida
Eu consagrei a despedida

Eu acostumei com a saudade
Eu desatei o nó
Eu criei o dó


Eu, fiquei só.

12/12/2015

Se não hoje, quando?

Talvez o silêncio seja pelo cansaço.
Afinal toda vez, nesta mesma época, isto acontece.
Eu tentei ignorar,
Seguir em frente,
E cometer a pior mentira.

Talvez o silêncio seja pelo passado.
Afinal, toda vez você se machuca.
Eu tentei fugir,
Seguir minhas correções,
E cometer mil arranhões.

Talvez o silêncio seja pela felicidade.
Afinal, toda vez que você fica feliz eu apareço.
Eu tentei não fazer,
Seguir a linha tênue,
E cometer um crime.

Talvez o silêncio seja pelo amor.
Afinal toda vez ele vai e volta tão rápido.
Eu tentei escolher,
Seguir o caminho sem você,
E cometer um grande erro.


Mas talvez o meu alvoroço não seja mais momentâneo...
Afinal dessa vez eu estou determinada a ficar... A lutar!
Eu vou,
Seguir meu coração,
E cometer o inverso do cometer do verso. 


-Dente de Leite-

04/12/2015

Eu Odeio e Amo Esta Época do Ano



Desculpe-me pela prepotência de achar que você ainda se importa,
Mas eu ainda sinto a necessidade de te contar como eu estou.
E quanto mais eu cresço,
Mais eu entendo o porque de você ter acreditado em nossas promessas.
O mundo é horrível!
Então chegamos a um ponto em que,
Acreditamos que só o amor pode nos salvar,
que apenas o amor pode nos impedir de morrer,
Você acreditava no nosso amor.
E agora eu entendo, porque eu também acredito.
Como eu sou cretino.
Quanto tempo foi perdido.

Eu sinto tanta vontade de sentar para tomar um café,
e passar alguns dias em minutos.
Ouvindo como foram os seus anos,
Ouvindo o seus olhos falarem,
E os meus sorrisos falharem.
Ciúmes do beija-flor.
Mas a maturidade e talvez um pouco do orgulho,
Nos tornou estranhos!
E quem se abriria com um estranho? ( mesmo se o café fosse bom)
Mas e se o café for bom, você vêm?

Vamos falar de como tudo isso acabou?
Ou de como tudo isso começou?
Ou não vamos falar nada, apenas nos olhar.
Você lembra qual foi a última vez que dançou?
Enfim, não vim te fazer sofrer como eu estou!
Vim apenas te dizer,
Que eu te entendo!
O nosso amor salvaria o mundo!
Pelo menos nosso mundo...

E qualquer dia, se você quiser,
Amaria conversar sobre como as coisas mudaram...
E eu prometo não ser canalha dessa vez!
E termino esse desabafo como comecei,
Quanta prepotência minha achar que você ainda se importa depois de tudo que eu fiz!


-Dente de Leite- 

11/11/2015

Eu Sou Preto Sim!

Quando criança pela primeira vez eu chorei,
Um branco riu de mim e disse:
"Eu te roubei"
Lá se foi o dinheiro do meu quindim!
E já na diretoria, que era toda branca,
Me perguntaram se doía em mim
Ser pretinho assim?!
E eu só pensava em História!

Eles roubaram meu dinheiro,
Eles roubaram a minha comida,
Fingiram que esqueceram,
Depois de séculos perguntaram
Se doía em mim a minha cor?
E eu com tanto rancor
Disse que doía em mim o ódio do explorador!
E que pegaria tudo de volta com muito vigor!
E tiveram a cara de pau de me chamar de racista.

Este negócio de racismo invertido,
É a inversão de valores,
É a diminuição das minhas dores,
É a remasterização de odores,
É a 'zombação' das minhas cores.

Eles não sabem o que é
Senzala
Exílio
Eles não sabem o que é ser
Pretinho
Ladrãozinho
Eles não entendem a
Minha cor
Minha história

E eu pensava em euforia Eu Sou Preto Sim!
Mas eu me calei e concordei.
Disse que era só mais um dia...
E que já estava acostumado com essa vida.
Afinal desde criança minha mãe dizia:
"Se ele, que tem pouca melanina
Caçoar da tua cor, ria
Porque o nosso rio já secou,
E o deles transbordou!
Espere o nível subir,
E encha seu tambor!
Você aprendeu a ser trabalhador,
E isso nenhum branco tira de ti."

E as últimas palavras da minha nega foram:
"Você É Preto Sim, e fique tranqüilo que no céu vai encontrar seu quindim"
Mas não me conformei!
Desci o céu na minha pele,
Porque Deus é preto assim!
E foi então que aprendi
Que se tem uma coisa que ninguém tira de ti
É a vontade de ser free!
Seja do preconceito
Ou seja do dinheiro

Seja livre
E grite
Eu Sou Preto Sim!
-L.B.O

07/09/2015

Feliz Dia dos Pais

Sinto saudade sim!
Mas não vive mais,
Não consome gás,
Não gera poesia,
Não dá alegria.
Deixa o rapaz em paz!
Viver entre as nuvens,
Com seus deslumbres,
Com sua alma leve,
Que já não se fere.
Chore aos gritos,
Ou quieta.
Na cama,
Ou na viela.
Na mansão,
Ou na favela.
Mas não perfure,
A camada da ferida
De gente querida
Que aceita a morte,
Como apenas mais um resort,
Para quem teve a sorte,
De morrer e ver,
A vida do alto sem se corromper.
Sem as mazelas da vida,
Sem as ruas corridas,
Sem as pessoas feridas,
Sem as mares de fel,
Deixe-o beber o mel!
Ele morreu jovem e santo!
Foi purificado,
E justificado.
Que ele descanse em paz,
O belo rapaz.
Sinto-me como algo que ficou para trás.
Mas nem todo pai que faz,
É o pai que estás.
Chora a menina,
A mãe,
A esposa,
A filha,
A irmã.
Chora o menino,
O filho,
O pai,
O talibã.

O rapaz jaz, deixe-o viver (morrer) em paz.

05/09/15
-L.B.O-

29/08/2015

Um Pedido Desesperado

Não sei se é a saudade,
Ou a fumaça que invade os meus olhos,
Mas algo o irrita, algo dói.

Não é fácil viver assim,
Te ver de longe.
Aos poucos,
Em fotos,
Em cigarros,
Em bebidas.

Talvez sentar e tomar um café,
Só para ter a certeza de que tudo passou,
Ou ter a incerteza das minhas escolhas.

Queria tocar a sua pele uma última vez.
Dizer um verdadeiro adeus.
Me culpar e chorar.
Ouvir a sua voz se dissipando no vazio da minha mente.
Coçando a superfície da lente.

Eu sei que é saudade!
Mas acendi um cigarro para confundir sua presença,
E acabei me confundindo.
De novo.

Só mais um olá,
Para um último adeus.
Só para nunca mais ler
"Este produto contém mais de 4.700 substancias tóxicas"
Para descobrir que nenhuma é o seu amor.
Ou melhor... é!

É um poema simplista,
De quem não entende nada da vida.
Só para explicar que nem tudo passa...
Mas o tempo passa e nos ultrapassa.

-Dente de Leite-
 

16/08/2015

Tua Pele

Tua pele é composta por um alfabeto novo,
Com letras únicas.
Formando palavras impronunciáveis,
Que constroem cada grama do teu corpo.
E quando os meus dedos a tocam
Ouve-se a singular sinfonia.
Então nos esquecemos do mundo
E de si.
Com as palavras da pele criamos um nó,
E assim entendemos que já somos um só.

Mesmo na correria do dia a dia
Ainda encontramos o amor,
Suportamos a dor,
Vivemos com vigor.
Ainda acreditamos na felicidade,
Na cumplicidade,
E quem diria
Ainda acreditamos na calmaria,
Na fidelidade,
E na rima.
A qual, só o encontro dos nossos corpos geraria.
No poema que fica do confronto dos nossos olhos.
Da sinfonia das nossas sílabas
E que haja audição,
Para entender a harmonia,
De ser um ser
Em calmaria

27/01/2015

Adeus a-mar

Vai ser difícil dizer adeus,
Para tudo que agora é meu.
Que dor vazia e solitária
Sentirei quando não mais a areia tocar,
Ou não mais ouvir o barulho do mar...

Perder o prazer de ver
A chuva vir e ir, alvoraçando o mar e o amar.
Não sei se eu dia voltarei para ficar...
Eu só sei da falta que me trará o mar!

Viverei a eterna nostalgia
Toda vez que o chinelo colocar,
E saber que talvez não seja um bom dia
Para voltar.

Achei que seria fácil,
Fazer as malas e partir!
Mas a praia não é portátil...
E o mar eu não posso repartir.

Estou indo embora por opção,
Mas não é pela mesma que a deixo aqui!
Nada mais terá o sabor dessa emoção...
Nem mesmo o que eu levo daqui.

Tenho um amor platônico pela maresia,
E não consigo deixa-la ir...
Sem ela vou me sentir sozinha,
E choro ao partir.

Faço as malas de roupas e lágrimas,
Eu não estou apenas deixando as praias
Eu estou deixando o ventre...
E que drama eu tenho feito
Mas esse é o único jeito!

De dizer adeus sem me arrebentar...
Mesmo com o mar,
A me arrastar.
Só desejo que as ondas levem,
A saudade que o mar deixou.

Que elas acalmem meu coração,
Como elas se acalmam depois que a gota do céu as achou...
Mas não se afobem depois dessa declaração,
E mantenham a majestade!


Eu vou voltar...
Eu prometo!